terça-feira, 25 de agosto de 2015

Grupo de pesquisa estuda transplantados através de videoconferência

Despontavam os anos 2000 quando um grupo de cirurgiões dentistas da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP) decidiu se reunir para debater os casos, cada vez mais frequentes, de pacientes transplantados que frequentavam o Cape (Centro de Atendimento a Pacientes Especiais). Inaugurado dentro da USP e contando com cinco profissionais, hoje o grupo formado há 15 anos compreende cinco instituições de pesquisa no Brasil e realiza reuniões mensalmente. Como todos esses profissionais se encontram? Por meio  de videoconferências.
“Em cada reunião, cada instituição dá uma palestra”, explica Karin Sá Fernandes, pesquisadora da FO e membro do GEPT (Grupo de Estudos em Pacientes Transplantados) desde 2005. Durante uma hora por mês, das 17h às 18h, as instituições debatem sobre casos clínicos de pacientes em fase de transplante e pesquisas desenvolvidas no meio. O grupo, que reúne atualmente a FO, o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e as Faculdades de Odontologia de Bauru (FOB-USP) e de Ribeirão Preto (FORP-USP), desfruta da tecnologia das instituições para compartilhar seus conhecimentos e melhorar o atendimento dos pacientes em questão.
As reuniões acontecem de forma que os profissionais consigam expor suas novidades e dúvidas a respeito do tema. No dia agendado para cada instituição, o grupo ouve os cirurgiões-dentistas da vez falarem e logo em seguida debate sobre o tema em aberto. “Cinco horas inicia a reunião. A instituição responsável ministra a aula até às 17h40 e em seguida abrimos para discussão. É como se todos os participantes estivessem reunidos em uma sala, a diferença é que cada um está em um local diferente”, comenta Karin.
Segundo a pesquisadora, mais de um caso clínico já foi solucionado com a ajuda do grupo e, para que o conhecimento esteja disponível para pessoas de todo o país, o GEPT realiza a publicação de alguns dos casos estudados. Atualmente, as três faculdades envolvidas no grupo estão coletando informações para uma pesquisa em conjunto: questionários sobre o conhecimento dos estudantes de Odontologia em relação às doações e transplantes de órgãos  estão sendo utilizados para averiguar qual o contato dos alunos com o assunto.
 A iniciativa da agregação das cinco instituições partiu do coordenador do GEPT, Paulo Sérgio da Silva Santos. Tornando-se docente da Faculdade de Odontologia de Bauru,  Paulo entrou em contato com os técnicos da faculdade para checar as possibilidades de continuação do grupo mediante o uso da internet.Com o resultado positivo da experiência, os demais centros de pesquisa foram convidados a participar do grupo e de suas reuniões, ampliando com isso os debates sobre o tema.
A razão dos estudos
O número de transplantes no Brasil vem aumentando cada vez mais. Com a maior disponibilidade de recursos, médicos e doadores de órgãos no sistema público, em 2012 o Ministério da Saúde divulgou que, em comparação com o ano anterior, o aumento dessas operações foi de 12,7%.
De uma forma geral os pacientes transplantados têm uma baixa imunidade e necessitam de cuidados especiais, argumenta Karin. A pesquisadora diz que o GEPT tem uma ação importante nesse sentido porque, como são muitas as peculiaridades entre os transplantados, é necessário que os profissionais se auxiliem a fim de orientar o melhor atendimento odontológico para esses pacientes. “Eles [os pacientes] têm um tratamento peculiar pela imunossupressão, por todas as alterações bucais que eles apresentam antes e pós-transplante. Cada grupo é diferente”.
Como o corpo ainda não está forte o suficiente, sem os cuidados específicos a presença de  um foco de infecção na boca pode levar a diversas complicações, como a perda do transplante e a morte do paciente.
Tecnologia avançada
A FO é uma das instituições que mais investem na tecnologia de informações. Segundo uma pesquisa de mestrado sobre teleodontologia divulgada esse ano, todos os docentes da instituição utilizam diariamente a internet para fins pessoais e profissionais. Karin diz que nenhuma vez, desde que o grupo começou com as videoconferências, houve cancelamento de uma reunião por problemas técnicos da Faculdade.
Os resultados da pesquisa apontam um caminho próspero para a teleodontologia, setor que cresce dentro do SUS e recebe atenção especial da USP. Buscando o uso das tecnologias da informação e comunicação como auxiliares para atividades relacionadas à saúde à distância, a telessaúde é um eixo que possibilita a interação entre profissionais de saúde ou entre estes e seus pacientes, bem como o acesso remoto a recursos de apoio diagnósticos ou até mesmo terapêuticos.
Fonte: Faculdade de Odontologia 

http://www.usp.br/aun/exibir.php?id=6998&edicao=1223

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